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quarta-feira, 6 de julho de 2011

RESENHA: Escritores da Liberdade (Freedom writers, EUA, 2007).


“Miséria é miséria, em qualquer canto”. Com este trecho da Letra de Miséria, música dos Titãs, banda brasileira de rock pop, nós iniciamos a nossa resenha sobre o filme supra mencionado. O senso comum nos leva a pensar, equivocadamente, que apenas em países não desenvolvidos, é que vamos encontrar problemas de toda ordem. Principalmente, em termos sócioeducacionais. Não é bem verdade. Em vários países de primeiro mundo, o “bicho pega”. Embora possamos falar em misérias mais e menos explícitas, estamos sempre falando de realidades que distam, em muito, daquilo que poderíamos chamar de algo mais próximo do ideal.
O filme Escritores da Liberdade conta a história da professora Erin, interpretada pela Hilary Swank, que passa a integrar o corpo docente de uma escola de ensino médio (High School), localizada em um bairro violento, basicamente, formado por minorias raciais que vivem nos Estados Unidos. Em termos gerais, não é um filme diferente dos inúmeros que os gringos da terra do Tio Sam costumam produzir sobre a questão educacional. Professor jovem ou experiente tentando fazer um trabalho de resgate de alunos considerados causas perdidas. Tanto por eles mesmos, que não conseguem vislumbrar um futuro promissor, como pelos que fazem parte do sistema (professores, diretores, supervisores, secretários e governos).
Mas, um detalhe, aparentemente, um mero recurso, uma tática ou estratégia diferente de levantar a autoestima de garotos e garotas, faz toda a diferença: a professora Erin solicita aos alunos e alunas que passem a compor um diário, onde registrarão suas expectativas, frustrações, progressos e dificuldades, em casa e na escola. Parece simplório, mas não é. É algo que, talvez, a psicanálise explique. Não é o professor, seja ele quem for, que está questionando a realidade. Não é a família. Não é a Igreja. Não é o sistema. É o próprio indivíduo que começa a mergulhar em si mesmo, e nas múltiplas realidades que o cercam. É um pouco do método agostiniano de conhecer a si mesmo. E isso faz toda a diferença. Quando eu me conscientizo dos meus problemas, eu tenho mais elementos e motivações para superá-los. Nesse sentido, é possível lembrarmos de outro filme considerado clássico, no gênero, Ao Mestre com Carinho, que tem o ator Sidney Poitier como protagonista. Fica a dica.
O Diretor Richard Lagravenese que assumiu três grandes responsabilidades produção, direção, e roteirização, fez um ótimo trabalho já que não recorre a clichês próprios do “cinemão” estadunidense para garantir público, como um par romântico ou algo assim. A produção de 2007 nos faz perceber que em escalas diferentes, países diferentes, culturas diferentes, economias diferentes os problemas, em essência, são os mesmos, e, em vários casos, as soluções são simples, baratas, e ao alcance de qualquer um. Desde que esteja imbuído de boa vontade. Qualquer semelhança com a nossa realidade, não é mera coincidência.

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