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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Retrato da Leitura no Brasil

95,6 milhões de brasileiros leem livros

Por Amanda Jacomelli

A população brasileira tem o hábito de ler? Quantos livros são lidos por ano no País? O que leva uma pessoa a ler um livro? E o que a leva a não ter o hábito de ler? Para buscar essas respostas e traçar um panorama da leitura no Brasil, o Instituto Pró-Livro realizou a segunda edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em 2008 e com dados coletados no final de 2007.

O levantamento abrangeu 92% da população brasileira a partir dos 5 anos de idade, o equivalente a 172,7 milhões de pessoas. Segundo a pesquisa, 55% -ou 95,6 milhões de pessoas- são leitores de livros, ou seja, leram pelo menos um título nos últimos três meses. Desse total, a metade são estudantes que leem livros indicados pela escola, incluindo os títulos didáticos. As mulheres costumam ler mais do que os homens: 55% contra 45%. Conforme a pesquisa, em média, o índice de leitura no Brasil é de 4,7 livros por habitante/ ano. As regiões Sul e Sudeste ficam acima da média nacional, com 5,5 e 4,9 livros por habitante/ano, respectivamente. No Centro-Oeste, a média é de 4,5 livros por habitante/ano, seguida pelo Nordeste, com 4,2, e pelo Norte, com 3,9.

Considerando-se apenas a população acima dos 15 anos, com pelo menos três anos de estudo e que leu pelo menos um livro nos últimos três meses, pode-se afirmar que o índice de leitura subiu de 1,8 livros por leitor/ ano, em 2000, para 3,7 livros por leitor/ ano. Na Argentina e no Uruguai, a média de leitura espontânea é de 4,0 livros por habitante/ ano. Na França, esse índice chega a 11, e na Suécia, a 15.

“Nesta segunda edição da pesquisa, mudamos a metodologia e a amostra, por isso não podemos fazer comparações. Apesar disso, podemos concluir que houve aumento significativo no índice de leitura do brasileiro. Acredito que essa elevação tenha ficado entre 30 e 40%”, afirma a gerente de Negócios e Projetos do Instituto Pró-Livro, Zoara Failla.

Segundo ela, a melhora no indicador de leitura está ligado ao maior investimento em leitura e em projetos de educação e cultura. “A leitura passou a estar na pauta. Tivemos o Viva Leitura, em 2005, e outros eventos de valorização desse indicador. Houve também muitos lançamentos infantis, o que estimula a leitura desde cedo e contribui para a formação de uma massa crítica”, avalia Zoara.

Barreiras para a leitura

Apesar de mais da metade da população ter se declarado leitora, os livros ainda estão longe de ser o passatempo preferido. Apenas 35% da amostra estudada citaram a leitura como uma das atividades realizadas durante seu tempo livre, contra 77% que afirmaram assistir televisão e 53% que disseram ouvir música. A leitura perde ainda para o descanso (50%) e para o rádio (39%). Dos entrevistados que afirmaram ler em seu tempo livre, 79% têm nível superior, 78% possuem renda familiar acima de dez salários mínimos e 73% trabalham e estudam.

“Percebemos que o índice de leitura cai depois que a pessoa sai da escola. Diminui também a procura por bibliotecas. Esses indicadores deveriam se manter para além da sala de aula. Isso mostra que, infelizmente, não estamos formando leitores. A escola e os professores não podem trabalhar a leitura como obrigação. O aluno lê porque vai ser avaliado, porque tem que tirar nota. Lê livros que, muitas vezes, não são de seu interesse. A leitura tem que ser prazerosa, lúdica, e levar a descobertas e sonhos, além de ser fonte de informação. A criança tem que descobrir os temas de que mais gosta, seus os autores preferidos e os assuntos que mais interessam”, comenta Zoara.

A pesquisa mostrou ainda que as revistas lideram a preferência dos brasileiros, com 52%, seguidas pelos livros, com 50%, e pelos jornais, com 48%. Entre os livros, a Bíblia é o título mais lido: 6,9 milhões declararam estar lendo a Bíblia, que foi 18 vezes mais citada do que o segundo colocado, o Código da Vinci.

As entrevistas revelaram também que os brasileiros possuem muitas dificuldades para uma boa leitura: 16% disseram que leem muito devagar; 11% não têm paciência para ler, 7% afirmaram não compreender a maior parte do que leem; e 7% não conseguem se concentrar. Menos da metade da população pesquisada (48%), disse não ter limitação alguma para a leitura. “Temos ainda um alto índice analfabetos funcionais, aquela pessoa que lê, mas não compreende o que acabou de ler. Isso é um fator que desmotiva totalmente o indivíduo”, conclui a gerente do Instituto Pró-Livro.

Por que ler?

A pesquisa apurou também as motivações para a leitura, bem como as razões para não se ler um livro. Entre os leitores, a maioria (63%) lê por prazer, gosto ou necessidade espontânea. A leitura para atualização cultural e conhecimentos gerais foi citada por 53% dos pesquisados. Em seguida, aparece a exigência escolar ou acadêmica, com 43% de citações, motivos religiosos, com 26%, e exigência do trabalho, com 23%.

Segundo o levantamento, as mulheres leem mais por prazer e motivos religiosos do que os homens, que afirmam ler mais para atualização profissional ou por exigência escolar ou acadêmica. O estudo revela ainda que leitores com maior escolaridade são os que mais leem por exigência do trabalho ou para atualização cultural. Já os com menor escolaridade são os que mais leem por exigência da escola ou motivos religiosos.

E na hora de escolher um livro, o que os leitores levam em consideração? Mais de 60% dos entrevistados consideram o tema. Depois, são citados o título do livro (46%) e a indicação de outras pessoas (42%). A pesquisa mostra ainda a importância dos pais e professores na formação de leitores. Entre os leitores que disseram gostar de ler, 49% citaram a mãe como a pessoa que mais os influenciaram no gosto pela leitura. A professora foi apontada por 33%, contra 30% de indicações do pai.

De onde vêm os livros?

Livros comprados, emprestados, presenteados... Afinal, quais são os principais canais para o acesso aos exemplares? Segundo a pesquisa, 45% dos entrevistados declararam comprar livros ou pegá-los emprestados com outras pessoas. Os empréstimos em bibliotecas foram indicados por 34% dos pesquisados, seguidos pelos livros presenteados, com 24%, pelos distribuídos pelo governo, com 20%.

Entre os compradores de livros - aqueles que compraram ao menos um livro no ano -, 35% indicaram a livraria como principal canal de acesso, seguida pelas bancas, com 19%, e pelos sebos e feiras de livros, com 9%. A pesquisa indica que, em média, o índice de compra de livros no País é de 1,2 livro por habitante/ ano.
Embora as livrarias sejam o principal canal de acesso aos livros, a quantidade desses estabelecimentos é bem inferior à ideal: estima-se que existam menos de 2.700 livrarias no Brasil, 70% delas de pequeno e médio porte. A ANL considera razoável a existência de pelo menos 4.900 livrarias no País. Já, a Unesco tem como ideal 10 mil livrarias para países com 190 milhões de habitantes, o caso do Brasil.

O preço é o principal motivo para que o comprador de livro escolha onde comprar seu exemplar, com 19% de citações. Depois, aparecem a comodidade (18%), a variedade e o costume (14%), e a proximidade (10%). As motivações para se comprar um livro também foram pesquisadas: 28% disseram comprar livros por prazer ou gosto pela leitura; 21% afirmaram comprar por entretenimento ou lazer, e 17% porque a escola ou a faculdade exigem.

De acordo com o levantamento, 85% da população estudada (146,4 milhões de pessoas) possuem pelo menos um livro em casa. Em média, cada residência possui 25 livros. Oito por cento da população não possuem nenhum livro em casa, e 4% possuem apenas um. A freqüência às bibliotecas mostrou-se um dado bastante preocupante: 126 milhões de pesquisados, o equivalente a 73%, disseram que não frequentam bibliotecas. Dos que frequentam, 5,8 milhões afirmaram não encontrar todos os livros que procuram, e 1,7 milhões disseram que a biblioteca não é de fácil acesso.

“Dois em cada três entrevistados disseram não frequentar bibliotecas. E a maioria dos que frequentam o fazem para trabalhos escolares. Ir a bibliotecas não faz parte da nossa cultura. Além disso, as bibliotecas não modernizaram seus conceitos. Por exemplo, exige-se silêncio, há muita burocracia, a catalogação é complicada e o atendimento é inadequado. Tudo vai contra ao que a criança e o jovem gostam. É preciso que as bibliotecas criem espaços para eventos e atividades culturais, permitam que o visitante acesse as mídias digitais e, principalmente, que possuam pessoas capacitadas para atender ao público. Não basta ter atendentes, é preciso ter mediadores de leituras, especialistas que indiquem livros de acordo com cada perfil, que saiba entender o visitante, que apresente livros interessantes, que realmente desperte o interesse pela leitura”, avalia Zoara.

Quem não lê?

Segundo a pesquisa, 77,1 milhões de pessoas (45% da população estudada) são consideradas não-leitoras, ou seja, declararam não ter lido nenhum livro nos três meses anteriores à pesquisa. Desse total, 6 milhões disseram ter lido um livro havia mais de três meses. “Nosso índice ainda é baixo perto de países considerados leitores, como a maioria das nações européias. Mas, se conseguirmos ampliar o índice de leitura em 20 ou 30%, já seria um grande avanço”, diz Zoara.

O estudo traçou ainda o perfil dos não-leitores, que são mais velhos e têm pouca ou nenhuma escolaridade: 21 milhões dos que não leem são analfabetos e outros 27 milhões cursaram apenas até a 4ª série do Ensino Fundamental. “Para se melhorar a leitura no Brasil, é preciso a união de uma série de iniciativas e investimento, mas, sem dúvida, é preciso aumentar a escolaridade da população”, avalia Zoara.


Entre as principais razões dadas para a não-leitura estão a falta de tempo, citada por 29% dos entrevistados, a não-alfabetização (28%), o desinteresse ou a falta de gosto pela leitura (27%), e a preferência por outras atividades (16%). A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil foi realizada pelo Instituto Pró-Livro, com o apoio da Câmara Brasileira do Livro (CBL), da Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros) e do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros,) e teve como objetivos principais diagnosticar e medir o comportamento do leitor no Brasil. A margem de erro é de 1,4%. Os resultados desse estudo não podem ser comparados com a primeira edição da pesquisa por causa de mudanças na metodologia e na amostra.

Retrato da Leitura no Brasil

População estudada: 172,7 milhões de pessoas a partir dos 5 anos de idade.

95,6 milhões declararam ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses;

47,4% dos leitores são estudantes que leem livros indicados pela escola;

6,9 milhões de leitores estavam lendo a Bíblia;

O índice de leitura é de 4,7 livros por habitante/ ano;

O número de livros lidos fora da escola é de 1,3 por habitante/ ano;

85% da população estudada possuem ao menos um livro em casa;

25 livros é a média por residência;

3 em cada 5 livros pertencem ao entrevistado;

63% dos leitores são influenciados pelo tema do livro, 46% pelo título, 42% pelas dicas de outras pessoas, e 33% pelo autor;

45% compram livros ou os pegam emprestados com outras pessoas;

34% emprestam livros de bibliotecas;

24% ganham livros;

19% dos livros estão nas mãos de 1% da população;

49% dos livros estão nas mãos de 10% da população;

66% dos livros estão nas mãos de 20% da população;

2 em cada 3 entrevistados não frequentam bibliotecas;

A média de livros comprados é de 1,2 livro por habitante/ ano;

Entre os compradores, a média é de 5,4 livros habitante/ ano;

As livrarias são o principal canal de acesso ao livro: 35%, seguida pelas bancas, 19%, e pelos sebos e feiras de livros, com 9%;

28% dos compradores compram livros por prazer ou gosto pela leitura; 21% compram por entretenimento e lazer; e 17% compram porque a faculdade ou escola exige;

19% escolhem onde comprar livro pelo preço mais baixo; 18% escolhem o canal de compra por comodidade; e 14% compram em determinado local por costume ou pela variedade;

77,1 milhões de pessoas afirmaram não ter lido nenhum livro nos últimos três meses;

29% dos não-leitores disseram que não leem por falta de tempo;

28% disseram não ser alfabetizado;

27% disseram que não tem interesse ou não gostam de ler.

*Fonte: Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livro, 2007

2 comentários:

  1. Quem são os malucos que financiam esta pesquisas?
    Cara... Uma pesquisa de tais dimensões como esta citada acima... Não há fundamentos comprobatórios...
    Não estou dizendo que eu creia que os dados são mentiros... Até os acho muito para o que temos visto...
    Nordeste 4,2? Isto é uma barbárie...

    Quero detalhes, endereço eletrônico da instituição responsável por esta pesquisa...
    Estou surpreso... Não lógica nem confiabilidade nestes fatos.... Acho qeu as pesquisas foram elaboras na base do "Eu acho" "Que o Paulista ler mais o carioca" "O carioca ler mais que o nordestino" "E dai por diante".
    Tudo bem... Que não dá pra discordar em alguns... mas venhamos e convenhamos...

    Abraços...
    Nos encontramos na UFPB/Virtual...

    http://kakalimalg.blogspot.com

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  2. Kaká Lima. Antes de qualquer coisa, quero agradecer pelo comentário.

    Em segundo lugar, acredito que a resposta à tua pergunta esteja no fim do texto. Quem fez a pesquisa?

    Foi o Instituto Pró-Livro. Caso precises de mais algum detalhe, ficarei satisfeito em colaborar.

    Um abraço fraterno!

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